Indigenismo No M Xico

5778 palavras 24 páginas
Intelectuais e Indigenismo: o dilema da identidade nacional num país profundamente indígena

ANTONIO CARLOS AMADOR GIL

Ao discutirmos o processo de formação da nação no México, é importante que analisemos historicamente as relações interétnicas neste processo. Durante o período colonial, os diversos grupos étnicos que existiam na região foram nomeados como indígenas pelos conquistadores. Esta categoria étnica foi construída no processo de conquista e delimitou uma fronteira e uma distinção em relação aos espanhóis. A experiência colonial forneceu os traços diferenciadores, os criollos1 eram espanhóis em contato com uma nova realidade e viviam relações sociais específicas, determinadas por um esquema político-administrativo limitador de suas funções. Ressentiam-se dos privilégios concedidos aos espanhóis peninsulares, assim como se confrontavam com os demais grupos da sociedade que consideravam inferiores: os indígenas, os africanos e os mestiços. O processo independentista foi liderado e demarcado por este grupo, por esta identidade étnica. A partir da independência, os criollos para se diferenciarem construíram uma história própria, um passado diferente do passado dos peninsulares.
Construíram um passado indígena, ao considerarem-se herdeiros da glória dos astecas.
É interessante destacar que esta associação com os astecas que foram derrotados e subjugados pelos espanhóis, reforçava e justificava a superioridade criolla sobre os indígenas contemporâneos. Este passado, portanto, era plenamente funcional para os criollos, uma vez que não implicava uma identificação com os indígenas do presente. A

1

UFES, Pós-Doutor, Professor Associado de História da América.
Criollo, pessoa de descendência europeia pura (pelo menos teoricamente) nascida nas Américas.
Preferimos manter a grafia original do que usar a tradução crioulo. Cf. Houaiss, 3. “quem, embora descendente de europeus, nasceu nos países hispano-americanos e em outros originários da colonização europeia”.

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