IMPLICAÇÕES DOS HABITANTES DO ALÉM DA FRONTEIRA SOCIOCULTURAL: (DES)LEITARAS SOCIOCULTURAIS E COMPARATIVA DO MONSTRO DE FRANKENSTEIN E DOS ANDROS DE BLADE RUNNER.

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1 INTRODUÇÃO. MAPEANDO O MONSTRO
Quando pensamos em uma conceituação do monstruoso, de forma geral, designamos este conceito tanto ao humano quanto ao não-humano, principalmente, ao hibridismo e o deformado. Os exemplos mais comuns e estereotipados do monstro que nos deparamos, seja na esfera do conhecimento popular ou em representações midiáticas, são geralmente gigantes, pigmeus, hermafroditas, criaturas místicas e criaturas hibridas. No entanto, a representação do monstro que nos interessa neste ensaio é o monstruoso que se afasta da boa forma humana, qual detém uma função histórica de marcar ou confundir fronteiras e limites culturais e sociais pré-estabelecidas. Como bem observado por Bellei em Monstros Índios e Canibais (2000), a monstruosidade historicamente associada ao conceito de fronteira, está relacionada diretamente a criatura que se encontra na ou além da fronteira, porém, esta criatura está sempre e paradoxalmente próximo e afastada do humano, que tem por função delimitar e legitimar as tradições. (BELLEI, 2000, p.11)
Bellei também nos chama atenção para o fato que o monstro quando associado ao conceito de fronteira, atende a necessidades históricas diversas em diferentes momentos e pode ser utilizada - como um tipo de instrumento - para uma melhor compreensão dessas necessidades (BELLEI, 2000, p. 14). Assim, ao lermos os romance Frankenstein : Ou o prometeu moderno (1818), da autora Merry Shelley, e O caçador de Andóides (1968), do autor Philip K. Dick, focaremos nas personagens monstruosas, não diretamente em suas formas ou variações formais, mas sim, em suas representações enquanto seres provocativos da noção do dentro e fora, ou além, da fronteira, suas funções históricas e sociais, e as variações de tais funções no devir temporal.

2 (DES)LENDO O ROMANCE FRANKENSTEIN: UM OLHAR PARA O ANTOGÔNICO MONSTRUOSO
Frankenstein : Ou o prometeu moderno (1818) é um dos romances mais conhecidos da autora Mary Shelley. Seu enredo é formado de vastas

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