imaginação

A imaginação

A diferentes qualidades de uma imagem tem características comuns. Em primeiro lugar essas qualidades se apresentam ao meu olhar como existências que posso apenas constatar e cujo ser não depende em nada de meu capricho. Elas são para mim, não sou eu. Elas não dependem de nenhuma espontaneidade, nem da minha nem da de outra consciência. Estão presentes e inertes ao mesmo tempo. Essa inercia é a existência em si. Esta forma inerte é o que denominamos uma coisa. É na medida em que são inertes é que as coisas escapam à dominação da consciência; é sua inercia que as salvaguarda e que conserva sua autonomia. Quando deixo de ver uma coisa ela deixa de ser apenas para mim, porém não se aniquila, sua inércia a preserva disso. E em algum momento ela pode voltar a existir para mim, mas em outro plano. Ela não existirá de fato, mas existirá em imagem. A coisa em imagem e a coisa em realidade são uma única e mesma coisa em dois planos diferentes de existência. A imagem é o objeto e a imagem existe como objeto e, dessa maneira constitui-se o que chamaremos de metafisica ingênua da imagem. Essa metafisica consiste em fazer da imagem uma cópia da coisa, existindo ela própria como uma coisa. Eis portanto a coisa em imagem provida das mesmas qualidades que a coisa em pessoa. Ela é inerte, não existe mais apenas para a consciência: existe em si, aparece e desaparece ao seu critério e não ao critério da consciência; não cessa de existir ao deixar de ser percebida, mas continua tendo, fora da consciência, uma existência de coisa Contudo, pelo fato mesmo de ser imagem, recebe uma espécie de inferioridade metafisica em relação à coisa que ela representa. Em suma a imagem é uma coisa menor. E é apenas essa inferioridade vaga e mal definida e essa relação externa que justificam a denominação de imagem. Essa teoria que decorre primeiramente da ontologia ingênua, foi aperfeiçoada sob a influência de diversas preocupações alheias a