Horizontes Antropol Gicos

1272 palavras 6 páginas
Horizontes Antropológicos
On-line version ISSN 1806-9983
Horiz. antropol. vol.11 no.23 Porto Alegre Jan./June 2005 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832005000100013 ESPAÇO ABERTO Cotas raciais na UnB: as lições de um equívoco

Bernardo Lewgoy
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil

O balanço feito por Marcos Chor Maio e Ricardo Ventura Santos do recente processo de implantação de cotas raciais na UnB deveria ser lido não apenas por aqueles que se interessam pela adoção de políticas de ação afirmativa no Brasil, mas por todos os possíveis interessados na questão nos usos sociais da ciência.
Acossados pela sombra permanente dos "usos perversos da ciência", que os cientistas sociais acreditavam ser um apanágio de cientistas naturais, a implementação de programas de cotas raciais em universidades e instituições públicas coloca em discussão o novo papel que se quer conferir aos antropólogos, como árbitros de conflitos focados na reinvenção discursiva da categoria que mais danos provocou à humanidade, quando transformada em premissa ideológica de regimes políticos e divisões sociais: a raça.
A experiência da África do Sul, dos Estados Unidos e da Alemanha nazista são algumas das poucas referências de conjugação entre Ciência e Estado na objetivação de "raças", e deveriam ser suficientes para nos convencer de que, assim como o Estado moderno deve ser laico e impessoal em sua valorização dos cidadãos, deve também ser desracializado em suas políticas públicas.
De fato, trata-se de uma questão que não pode ser tratada com leviandade, pois é mais do que sabido que o Brasil enfrenta problemas sérios de exclusão socioeconômica e cultural dos não-brancos, o que se combina a um muito fluido e situacional cálculo racial, que nos coloca numa posição diferenciada em face de regimes bipolares de produção de verdades raciais, como é o caso da tradição americana.
Nesse sentido, Celia Maria Marinho de Azevedo (2004, p. 19), uma das mais lúcidas analistas das

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