Homens invisiveis

Foi no começo dos anos 1980 que Fernando Braga conheceu a Cidade Universitária, em São Paulo. Certo domingo sua mãe resolveu inovar na hora do almoço, comprou frango assado, e carregou seus três filhos para a USP. Ficaram no gramado do canteiro central em frente a CRUSP. Cinco anos mais tarde Fernando retornou ao campus, em 1987. Fernando com seus doze anos e outras crianças assistiram ao treino da seleção de seniores do Brasil no estádio do CEPEUSP (Centro de Praticas Esportivas da USP). Terminando o treino, passearam um pouco pelo campus. Ficaram deslumbrados com o tamanho e a imponência dos prédios. Os homens da segurança limitaram a visita deles, determinando o ponto até o qual poderiam ir em cada faculdade. Vencidos por essas regras detiveram em um passeio de mera contemplação externa, observando somente as fachadas, não sendo possível conhecer o local todo, pois estavam de bicicletas. Quando completou dezessete anos Fernando foi de carro a USP conhecer todo o campus, quando o mesmo ainda estava disponível para lazer nos fins de semana e boa parte da população paulistana passeava pelo lugar. No ano seguinte, em 1993, Fernando ingressou na graduação em psicologia. Na condição de estudante que não possuía automóvel, Fernando reafirmou a sua impressão sobre a grande distância entre os prédios de aulas. A organização do lugar ainda impressionava Fernando, todos os departamentos possuíam identificação em placas e um ponto de ônibus bem em frente. No interior dos prédios não se via sujeira de qualquer espécie. Fernando descobriu, entusiasmado, que os gramados da Praça do Relógio era a morada do futebol também para os funcionários da USP, durante a semana. A USP se tornou “só trabalho”. Seus portões, nos fins de semana, passaram a ficarem fechados às pessoas comuns. Somente alunos, professores, funcionários e seus dependentes poderiam fazer uso do campus aos sábados, domingos e feriados. A praça de futebol desde