HISTORIA DA PSICOLOGIA
A elaboração dos conhecimentos psicológicos ao longo do tempo nas diferentes culturas é objeto de uma área de estudos que denomina-se de história das idéias psicológicas. Indica-se com este nome a reconstrução de conhecimentos e práticas psicológicas presentes no contexto de específicas culturas e sociedades, expressivos das diversas "visões de mundo" (Chartier, 1990) que as caracterizam. Entende-se por visão de mundo, aquele conjunto de aspirações, de sentimentos, e de idéias que reúne os membros de um mesmo grupo e os diferencia de outros grupos sociais.
O estudo da cultura brasileira dos séculos XVI ao século XVIII é particularmente fecundo e propício para este tipo de investigação: de fato, a produção de idéias e de tentativas de sínteses culturais é uma característica marcante deste período histórico, conforme assinalado por vários autores (Hansen, 1985; Morandé, 1984, Morse, 1995, Pecora, 1994). Analisando o conjunto da produção luso-brasileira colonial, delineiam-se umas temáticas mais relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas, bem como destaca-se o papel significativo de alguns sujeitos culturais especialmente expressivos e atuantes no nível da cultura oficial ou no nível da cultura acadêmica e popular brasileira. Com efeito, apesar da fragmentação e do autodidatismo que caracterizam a realidade do país daquele período, constata-se a existência de alguns grupos ou realidades culturais que apresentam uma certa homogeneidade, podendo assim serem considerados em termos de sujeitos culturais, ou seja sujeitos que representam, expressam, transmitem e preservam determinados modelos culturais.
Evidenciaremos a seguir alguns tópicos da produção cultural de um destes sujeitos, os membros da Companhia de Jesus - ordem religiosa que no período entre o século XVI e os inícios do século XIX ocupara um papel relevante no âmbito da cultura brasileira - e que