Clássica, século XVI – XVII houve uma reforma do entendimento moral do louco, desmistifica-se a loucura, ela adquiri um significado social e moral, o louco é relacionado à razão. A experiência trágica está entre o cósmico e o trágico, são sentimentos racionalizados descrevendo a ambiguidade do ser humano, a loucura racionalizada entendida na esfera da razão, mas, não entendida na desrazão, não perde o seu caráter trágico. Na experiência crítica a loucura está fora do âmbito da razão, é Descartes que fala do argumento do sonho nas Meditações, mostrando haver uma experiência cósmica da loucura versus experiência crítica da loucura. A loucura como consciência crítica quebra a visão da loucura como transcendental, no século XVI a loucura não é mais vista como transcendental, mística, mas sim uma experiência crítica-racional, o louco está fora do limite da razão. No século XV a loucura perdia seu caráter cósmico, divino, e passa a ser objeto de preocupação social, continuam as práticas de internamento e exclusão, todas as pessoas que estavam fora dos padrões de comportamento social eram consideradas loucas, a loucura não tinha ainda o estatuto de patologia, a loucura é tudo que não se encaixava nos padrões, tudo o que era indomável, não se sabia exatamente o que era a loucura, ela só passa a ter estatuto científico no século XIX. O deslocamento da percepção da loucura do Renascimento para a Idade Clássica se dá como a loucura sendo o outro da razão – se encontra no campo da racionalidade, ela é a desrazão. A loucura é excluída de qualquer racionalidade, na relação da loucura com a razão há a desmistificação da loucura no sentido alegórico e poético. A loucura precisa da razão para dizer que não tem razão, excluindo a razão da loucura, aprisiona-se a loucura dentro da razão, é esse o deslocamento da percepção da experiência da loucura. Agora o estatuto da loucura é a razão, esse deslocamento na percepção no século XVII vai evidenciar o motivo da grande internação. A