História da Arte
ESTUDOS
Da educação do juízo de gosto*
D
Matheus Gorovitz
iscorre sobre a necessidade do ensino das artes e da sua história na educação. Visa educar o juízo de gosto para assim instrumentar o estudante a identificar a beleza como expressão da totalidade humana. Corrobora a noção de que a formação do cidadão, do artista e do ser emancipado são interdependentes. Define os termos capazes de conferir disciplinaridade ao ensino das artes, ao reconhecer na estética o campo disciplinar que tem como objeto de estudo a práxis humana, quando esta visa objetivar, através da obra de arte, a conjugação das dimensões subjetiva e objetiva, individuais e sociais, ou seja, o ser na totalidade. Situa as categorias citadas: julgamento de gosto, totalidade, belo, autonomia, estética. Sugere um roteiro de leitura da obra de arte inferido das premissas conceituais. Palavras-Chave: estética; belo; gosto; totalidade; autonomia; cidadania. * Este comunicado deriva de um texto anterior, de nossa autoria, sobre o ensino da história da arte na formação profissional do arquiteto. A versão atual traduz a convicção de a educação artística começar desde a mais tenra idade. 86
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 79, n. 193, p. 86-94, set./dez. 1998
de gosto. Tal modo de ajuizar implica assumir uma decisão na ausência de uma razão prática ou ainda de uma razão lógica. O juízo de gosto não tem como parâmetro de avaliação nenhum valor preestabelecido, tem, isto sim, como referencial, o trabalho humano plasmado no acervo de obras de arte. O objeto não é aferido pelo valor prático-utilitário a capacidade de satisfazer uma necessidade particular predeterminada , nem se alicerça em valores estabelecidos a priori, conceituais, éticos, ou os que, sedimentados pela tradição, passam a ser consensuais. Diferencia-se, ainda, do discernimento fundamentado,