hannah arendt

4910 palavras 20 páginas
Hannah Arendt e a Questão do Mal Político

[Síntese
A partir da reformulação conceptual da relação entre "banalidade do mal" e "mal político", irei questionar como a reactualização política efectuada por Hannah Arendt daquilo a que Kant chamava, no § 40 da Crítica da Faculdade de Julgar, a "maneira de pensar alargada" leva a pensar numa capacidade efectiva de resistência à patologia específica do mundo moderno. Questionar-me-ei igualmente sobre a natureza relacional da política e sobre a ideia de que a humanidade dos homens se define com base na co-pertença [entre-appartenance] ao mundo.]

À figura moderna do mal político – e, em especial, à patologia dos sistemas totalitários que produz a "superfluidade" dos indivíduos – sabemos que, por ocasião do processo Eichmann, Arendt associou a ideia de "banalidade do mal": contrariamente às interpretações erróneas e aos equívocos precipitados a que se prestou tal expressão, ela significava para Arendt que a mediocridade deste novo tipo de criminoso, que é o "inimigo do género humano", longe de "banalizar" o mal perpetrado, é talvez o paradoxo mais aterrador que hoje em dia nos é dado enfrentar. Arendt recusava, efectiva e inequivocamente, duas tentações inversas e complementares: por um lado, a falsa (mas tranquilizadora) evidência segundo a qual criminosos diabólicos carregam dentro de si uma maldade inata, de que a priori nós estaríamos isentos; e por outro lado, a ideia segundo a qual em cada um de nós dormita um potencial Eichmannzinho, indutora de uma espécie de culpabilidade universal que dilui toda e qualquer responsabilidade: ou seja, se todos somos culpados, então ninguém é responsável. É justamente a recusa desta alternativa que nos obriga a situar a questão da banalidade do mal no seu verdadeiro terreno. Na realidade, se o nosso propósito é tentar transformá-la num conceito organizador da reflexão ética e política, a questão passa a ser a seguinte: em que sentido e condições a banalidade do mal

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