Guimaraes

2960 palavras 12 páginas
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O preconceito contra os baianos1
Antonio Sérgio Alfredo Guimarães
Deapartamento de Sociologia da USP
O preconceito contra os baianos, paraíbas e nordestinos é dos mais fortes e persistentes no
Brasil contemporâneo, só rivalizado pelo preconceito racial. O estereótipo do baiano como o imigrante pobre, ignorante, servil, preguiçoso, beócio, sem espírito empreendedor, sem chances de se tornar alguém, pode nos levar a considerar que tal estereótipo se deve a sua condição de imigrante no sudeste do Brasil, sendo portanto produto do pós-guerra, quando as migrações internas no Brasil substituíram as migrações internacionais em termos de prover de mão-de-obra a nascente indústria do sudeste, principalmente São Paulo. Só em parte isso é verdade. E é tão mais verdade para os termos paraíba, no Rio de Janeiro, e nordestino, em São Paulo, que para baiano.
A verdade inteira começa ainda no Brasil Colônia, quando a Bahia era a capital brasileira e os baianos, seus habitantes, se arrogavam a ser os únicos habitantes civilizados da Terra de Santa
Cruz. Nos conta Gilberto Freyre que, em reação a tal pretensão, baiano passou a denotar no Sul, principalmente no Rio Grande, um janota palavroso, maneiroso e efeminado, típico dos homens urbanos, especialmente do Norte. Leiamos o mestre:
“E o baiano da cidade, isto é, de Salvador, acabou por sua vez fazendo de sua condição de homem da capital do Brasil – por muitos anos a cidade por excelência do palanquim e de negros que gritavam para todo homem de sapato que descesse do navio ou nau: “Qué cadeira, sinhô?”- motivo de supervalorização de origem ou de situação regional. Era como se fosse Salvador a única região civilizada, urbana, polida, do Brasil; e o mais, mato rústico.
A essa supervalorização de origem ou situação urbana ou metropolitana, o gaúcho reagiu a seu modo, desdenhando de quanto brasileiro do Norte se mostrasse incapaz de montar a cavalo com a destreza dos homens do extremo Sul; e associando essa incapacidade à condição de

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