GOMBRICH, Ernst. A História da Arte Capt 8,910

10800 palavras 44 páginas
TRATAMOS da história da arte ocidental até ao período de Constantino e aos séculos em que ela se adaptou ao preceito do Papa Gregório, o Grande, de que as imagens são úteis para ensinar aos leigos a palavra sagrada. O período que se seguiu a essa era cristã primitiva, o período que sobreveio à derrocada do Império Romano, é geralmente conhecido pelo nada lisonjeiro epíteto de Idade das Trevas. Foi assim chamado para significar, em parte, que as pessoas que viveram durante esses séculos de migrações, guerras e sublevações, estavam mergulhadas em escuridão e tinham poucos conhecimentos para guiá-las, mas também para assinalar que pouco sabemos a respeito desses séculos confusos e desconcertantes que se seguiram ao declínio do mundo antigo e precederam o surgimento dos países europeus na configuração geográfica em que mais ou

menos os conhecemos hoje. Não existem, é claro, limites fixados para o período, mas, para os nossos propósitos, poderemos dizer que durou quase quinhentos anos — aproximadamente de 500 a 1000 d.C. Quinhentos anos é um longo período em que muita coisa pode mudar e muita coisa, de fato, mudou. Mas o que mais nos interessa é que todos esses anos não viram o surgimento de qualquer estilo claro e uniforme, e sim o conflito de um grande número de estilos diferentes que só começaram a se fundir já em fins desse período. Para os que conhecem algo da história da Idade das Trevas, isso dificilmente surpreenderá. Não foi apenas um período tenebroso; foi também desigual e variegado, com tremendas diferenças entre vários povos e classes. Ao longo desses cinco séculos existiram homens e mulheres, sobretudo nos mosteiros e conventos, que amavam o saber e a arte, e tinham uma grande admiração por aquelas obras di) mundo antigo que haviam sido preservada em bibliotecas e depósitos. Por vezes, esses monges cultos e educados ocupavam posições de poder e influência nas cortes dos poderosos, e tentavam ressuscitar as artes que tanto

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