Funcionalismo Estrutural
Pelo mesmo tempo em que se desenvolviam os trabalhos de pesquisa, as contestações ao evolucionismo e as proposições metodológicas e teóricas do particularismo histórico, também se desenvolvia em paralelo, com linhas de contato mútuo aqui e acolá, aquilo que se convencionou chamar de funcionalismo estrutural. Sua base central foi a França e o grupo de intelectuais que desenvolveu essa corrente teórica estava centrado na figura do seu mestre, Émile Durkheim. Denominavam- se com frequência de sociólogos, mas seu diálogo maior era com os antropólogos e seus objetos de pesquisa vinham dos povos indígenas mundo afora. Travaram também seu embate contra os evolucionistas, mas nunca da maneira radical dos seguidores de Boas e Malinowski, pois o próprio Durkheim fala em mudanças fundamentais entre as sociedades "primitivas" e as "civilizadas" e dá sua própria visão de como algumas instituições teriam evoluído entre uma fase e outra da história da humanidade. Por sua vez, a prática de pesquisa de campo foi pouco trabalhada pelos funcionalistas estruturais, sendo elas mais frequentemente produzidas nas bibliotecas e a partir das correspondências com pessoas (muitos missionários) que viviam nas colônias, principalmente na África, mas também nas colônias inglesas da Oceania e nas ibéricas das Américas, e que elaboraram relatos e observações muito pertinentes, se bem que, às vezes, preconceituosos sobre os povos indígenas e os não europeus. Já então, por volta do início do século xx, havia um imenso cabe dal de etnografias produzidas pelo mundo inteiro. O resultado foi um conjunto muito coeso de proposiçoes teóricas e esclarecimentos sobre temas antes difíceis de se compreender, ou motivos de grandes especulações. Por exemplo, o suicídio, a relação entre religião e ciência, a função da generosidade nas economias simples, rituais comuns e estranhos, sistemas simbólicos de todos os tipos, a sirnbolização do corpo, da casa, ou da aldeia como representação