Florestan Fernandes

1. Introdução

O trabalho aqui presente tem como proposta apresentar uma análise do pensamento crítico de Florestan Fernandes, abordando suas principais idéias dentro do ramo sociológico. Um dos aspectos centrais é compreender como Florestan Fernandes empreende uma sociologia crítica, articulando seus métodos com a sociologia clássica e moderna da Europa. A partir dessa compreensão de como se formou o pensamento de Florestan, é que analisaremos os novos horizontes que se abrem nos estudos sociológicos que reinterpretaram a história brasileira. Toda essa reconstrução irá revolucionar de modo significativo a história social brasileira.
Em relação aos estudos de Florestan Fernandes a respeito das relações raciais na cidade de S. Paulo, que se iniciaram quando ele já havia completado sua formação acadêmica, aborda-se uma posição amplamente crítica sobre essa questão. A sua obra A integração do negro na sociedade de classes marca o início desses estudos. A posição de Fernandes de que havia, se não um conflito explícito racial, ao menos um problema racial sério no Brasil, se deu a partir de seus estudos com Roger Bastide. Confrontando Gilberto Freyre, que dizia não haver uma discriminação racial e sim uma harmonia entre as raças, Fernandes, junto de outros estudiosos adentrou em uma grande pesquisa, convidado por Bastide, este por sua vez convidado pela Unesco, que visava desenvolver estudos sociais e etnológicos no Brasil. Havia uma hipótese, sustentada por Freyre, que o Brasil significava um caso neutro na manifestação de preconceito racial e que seu modelo poderia servir de inspiração para outras nações, cujas relações eram "menos democráticas". Segundo Freyre havia uma democracia étnica no Brasil que não se tinha dado em outros lugares do mundo, como os E.U.A. e África do Sul, que mantiveram no período pós-guerra, formas de segregação racial. Fernandes bate de frente com essa idéia. O livro "O negro no mundo dos brancos", a priori, choca-se com a ideia