filosofia

Resgate – O resgate de crianças escravas no Gana
INTRODUÇÃO: Infelizmente esta é uma história real e cruel composta por muitas histórias sobre infâncias perdidas e vidas adiadas, sobre crianças a quem é roubada a infância todos os dias. Crianças vendidas pelos próprios pais a pescadores por muito menos de 30 € quando tinham 3 ou 4 anos e que, por isso, nem sequer têm história, porque ignoram o mais básico como o seu nome e idade. Têm um trabalho sujo de pesca e são maltratadas e escravisadas pelos seus “donos”. Chamam-lhes segunda, terça ou quarta feira conforme o dia em que foram vendidos. São crianças domesticadas que trabalham 14 horas por dia, 7 dias por semana, em troco de nada, faça chuva ou sol, estejam ou não doentes e sem nunca protestar. São crianças que têm uma T-shirt rasgada no corpo, que comem uma papa de milho por dia e que perdem a vida, na pesca do Lago Volta – o maior lago artificial do mundo – porque são tão pequenas que nem sequer sabem nadar e, por isso, morrem afogadas ou, simplesmente, servem de petisco a crocodilos famintos. São novos demais para fugirem e portanto ficam presos na ilha até morrerem ou terem a sorte de serem salvos. E sabem que mais? Apesar da escravatura infantil estar criminalizada na legislação do Gana, ninguém faz queixa à polícia. Não há um único pescador preso numa cadeia por ter traficado e escravizado crianças. É a indiferença que está a matar as crianças do Gana e, por mais crianças que sejam salvas, nunca vai ser possível acabar com este crime porque os pescadores substituem-nas por novos pequenos escravos. A UNICEF confirma que por ano cerca de 20 mil crianças são escravizadas. O tráfico infantil não é uma brincadeira de crianças, é um negócio de gente grande.
Autor: Alexandra Borges, nasceu a 7 de Agosto de 1967, em Lisboa e sempre quis ser jornalista para denunciar injustiças. Estudou Comunicação Social na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e começou a sua carreira como produtora na Televisão Espanhola.