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RELIGIÃO E FILOSOFIA NAS ESCOLAS1

Stephen Law (Prof. Senior no Heytrop College, University of London)

Tradução de Flavio Williges (UFSM/CNPq)

É uma boa idéia ter filosofia nas escolas? Determinar em que medida a exposição precoce a um pouco de pensamento filosófico promove benefícios educacionais é, naturalmente, em grande parte, uma questão empírica. Enquanto filósofo, este tipo de estudo empírico não é minha área de expertise. Mas naturalmente há também uma dimensão filosófica nessa questão. E, como sou um filósofo, o esclarecimento conceitual e a análise da lógica dos argumentos de cada lado certamente faz parte do meu campo de interesse. É sobre esse ponto que espero dar uma pequena contribuição aqui.
Esse capítulo tem duas partes2. Na primeira, focarei duas objeções religiosas comuns à sugestão que todas as crianças devem ser encorajadas a pensar de maneira independente e crítica sobre questões religiosas e morais. Na segunda parte, eu explico a bem-conhecida distinção entre razões e causas e dou alguns exemplos de como essa distinção conceitual pode ajudar a iluminar esse debate.

Parte I: Duas objeções religiosas corriqueiras

A filosofia na sala de aula envolve as crianças na atividade de pensar de maneira crítica e independente sobre as grandes questões. Essas questões são questões sobre moralidade, origem e a finalidade da existência humana. Alguns exemplos: “Por que existe alguma coisa?”, “O que torna as coisas certas ou erradas?” E, ainda, “O que acontece conosco quando morremos?” Essas questões são também abordadas pela religião. Os temas da filosofia e da religião se sobrepõem de um modo significativo e onde há uma sobreposição, há também a possibilidade de uma disputa por território. Defensores da filosofia nas salas de aula podem se sentir em conflito com, pelo menos, uma parte dos religiosos. Embora muitos religiosos sejam entusiastas da filosofia na escola, existem também muitos que se opõem totalmente ou querem restringir