Fichamento: A Vontade de Saber. II- A Hipótese Repressiva e A Implantação Perversa.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. II- A Hipótese Repressiva e A Implantação Perversa.

Nesse texto, Foucault busca desconstruir a hipótese da repressão sexual, a partir de seu método que é a análise de discurso. No século XVII o sexo é reduzido a linguagem e ocorre uma verdadeira explosão discursiva sobre ele, com isso definiu-se onde, quando, com quem e quais situações é possível falar dele. Foucault afirma que foi o próprio poder que incitou essa proliferação de discursos, através da igreja, da escola, da família, do consultório médico. Essas instituições não visavam proibir ou reduzir a pratica sexual; visavam o controle do individuo e da população.
O exame médico, a investigação psiquiátrica, o relatório pedagógico, o controle familiar – que aparentemente visam apenas vigiar e reprimir essas sexualidades – funcionam, na verdade, como mecanismos de incitação: prazer e poder. Poder e prazer não se anulam e, sim, se entrelaçam, através de mecanismos que excitam e incitam

“Como se para dominá-lo no plano real, tivesse sido necessário, primeiro, reduzi-lo ao nível da linguagem” (p. 23)
“[...] definiu-se de maneira muito mais estrita onde e quando não era possível falar dele; em que situações, entre quais locutores, e em que relações sociais;” (p.24)

“Mas o essencial é a multiplicação dos discursos sobre o sexo no próprio campo do exercício do poder: incitação institucional a falar do sexo e a falar dele cada vez mais; obstinação das instâncias do poder a ouvir falar e a fazê-lo falar ele próprio sob forma de articulação explicita e do detalhe infinitamente acumulado.” (p.24)

“O sexo, segundo a nova pastoral, não deve mais ser mencionado sem prudência; mas seus aspectos, suas correlações, seus efeitos devem ser seguidos até as mais finas ramificações: uma sombra num devaneio, uma imagem expulsa com demasiada lentidão, uma cumplicidade mal afastada entre a mecânica do corpo e a complacência do espírito: tudo deve