Fernando Pessoa

FERNANDO PESSOA

ALAN NASSER DE O. DIAS

Um conceito atual de gênio diz que para alguém ser considerado como tal, precisa oferecer uma contribuição inestimável à humanidade capaz de trazer à luz uma nova visão de mundo, seja depois de uma releitura de teorias pretéritas, seja em sua superação. Logicamente que tal contribuição é produto da ação de uma mente de inquestionável dotação intelectual de alguma forma superior à média da sociedade em que o sujeito está inserido. Isso não aplica restritamente a um indivíduo, ou grupo de indivíduos, situados em áreas consagradas às ciências exatas e da natureza, mas a todas que a atividade humana pode divisar: ciência e tecnologia, psicomotricidade, artes, etc.
Tal pensamento aplica-se perfeitamente a Fernando Pessoa, pois dentre tantas definições que se lhe pode dar é a de gênio. Um gênio da arte literária. Isso pela razão de ter deixado um vasto legado, criando, inovando, engrandecendo a literatura – em particular, a portuguesa -, extraindo dela o máximo que um artista pode fazê-lo.
Devotando-se à sua arte, Pessoa expressou seu pensamento, tanto em relação à arte como à sua época, seu país e sua cidade (em específico), quanto, também, ao seu estado íntimo, através de seus memoráveis e quase reais personagens. Heterônimos por ele criados para discutir a complexa realidade íntima, sociocultural, econômica e política na qual estava inserido.
Tais heterônimos marcam notoriamente a originalidade da obra de Pessoa, juntamente com o seu modus dramático de conceber e escrever seus textos (poéticos, teatrais, etc.). Pode-se constatar essa afirmação em uma citação Fernando Pessoa, contida em artigo de Rinaldo Gama intitulado “O drama da linguagem”: “O ponto central da minha personalidade como artista é que sou um poeta dramático: tenho continuamente em tudo quanto escrevo a exaltação íntima do poeta e da despersonalização do dramaturgo”.
Esses heterônimos são trabalhados com qualidade de excelência. Possuem uma identidade e