Esudante

A ideia deste esboço de ensaio analítico –se é que me vale a pretensão de chegar a tanto- é deslizar pela poética banderiana a partir das relações internas do poema, latentes à sua concepção poética- suas imagens fundamentais e mais recorrentes e seu contexto histórico em Manuel Bandeira-, depois apresentar uma visão básica acerca dos elementos rítmicos e estrutura métrica.
O poema escolhido para análise se chama ‘A Dama Branca’ e faz parte do segundo livro de poesia de Manuel Bandeira, lançado em 1919. Carnaval carrega ainda a solidão melancólica e amargurada de Cinza das horas, mas introduz uma maturidade de jogos que vão ser estendidos de maneira crônica ao longo de sua obra, como uma dor pungente com a qual um ser humano deve aprender a coexistir como modo de sobrevivência- através, dentre outras, da arte-, e nesse desconsolo encontra, mesmo que por entre frestas, a amargura doce do prazer de viver. Fábio Lucas considera o legado banderiano à poesia brasileira desde Carnaval, que inicia um processo de recolhimento à simplicidade e ao coloquial, até mesmo ao prosaísmo “retirando da poesia oficial sua retórica retumbante, sua marca elitista e sua dicção anacrônica”. (LUCAS, Fábio. 1987:6)
A predominância da métrica são influências diretas na produção de Bandeira na ocasião do lançamento de seus dois primeiros livros de poesias, porém ele atribui às variedades das práticas das escolas parnasianas e simbolistas um quê de violência e caricatura perversa. Alguns outros elementos que figuram sua temática na sua produção deste período – e tem direta ligação com o poema analisado- são a evocação da recordação, não como lembra de eventos grandiosos, mas “[...]de um momento ou de um pequeno fato que um dado expressivo do presente evoca.” (GOLDSTEIN 1987: 9)
Em seu contexto carnavalesco, as temáticas em seu segundo livro mostram Bandeira como um “carnavalesco da amargura” (ANDRADE 1987:74), aflito em personificar a imagem da volúpia ambígua em ‘Colombina’ e na