Estudo de caso com Beck

Para que possamos compreender o caso de Pedro à luz da psicoterapia devemos, primeiramente, compreender os fundamentos propostos por Aaron Beck, criador desta abordagem. A terapia cognitiva define-se por ser estruturada, diretiva, ativa e usada para tratar uma variedade de transtornos psiquiátricos – como a depressão observada em Pedro. Ela se fundamenta na concepção de que o afeto e o comportamento de um indivíduo são em grande parte determinados pelo como ele estrutura o mundo, isto é, pela sua cognição. A cognição, logo, é definida como a função que envolve deduções sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros (Beck & Alford, 2000). Não só, afirma Beck (1997), as cognições baseiam-se em atitudes e pressuposições desenvolvidas a partir de experiências anteriores, como será visto mais adiante. Ademais, devemos ressaltar o caráter idiossincrático da vivência das experiências na psicoterapia de Beck, uma vez que elas só serão reais, percebidas, depois de uma interpretação feita pelo sujeito, ou seja, como na Terapia Cognitiva de Bandura temos as distorções nas interpretações dos fatos levando a psicopatologias, temos, na terapia cognitiva, também, a mesma causa para o mesmo efeito.
Assim sendo, pode-se afirmar que as cognições do paciente representam uma síntese de seus estímulos internos e externos, ou seja, uma relação entre os fenômenos ocorridos no ambiente externo e a interpretação dada a estes (Beck, 1997). De acordo com Knapp e Beck (2008), a maneira como os indivíduos percebem e processam a realidade influenciará a maneira como eles se sentem e se comportam. Também podemos observar pelas proposições que o modo com a pessoa avalia uma situação fica evidente em suas cognições, isto é, em seus pensamentos e imagens visuais, as quais, por sua vez, constituem o “fluxo de consciência”, ou “campo fenomenal”, da pessoa, que reflete as configurações do sujeito de si próprio, do seu mundo, do seu passado e do seu futuro – logo, em