esse mesmo

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Xícara de Café

Uma porcelana fria e com vários calombos. O pior lugar que já freqüentei, alias estes meses se tratam de piores experiências. Voltando para a xícara poderia ter sido feita por uma criança, e este café certamente me dá uma razão para não beber mais, afinal, nunca bebi, mas também não fumava. As coisas mudam. Deveria parar de fazer ambas as coisas, mas uma leva a outra e as duas levam a ela. Helena Busch.
Nossa história de amor começou com um “Bom Dia, posso anotar seu pedido?” A partir daí, tudo mudou, na minha cabeça pelo menos, e bem, nos meus dentes. “Um café.”
Helena Busch é uma mera garçonete, mas uma linda garçonete, seus cabelos levemente perdendo o loiro da raiz e seus dentes amarelados. O tipo de mulher que minha mãe sentiria repulsa. Não me importo.
Lembro de um dia chuvoso. O cabelo de Lena colado na testa e sua boca, como queria beija-lá, soltando uma fumaça. Outro momento da nossa história: Primeira conversa. “Tem um cigarro?”. Não que eu fumasse na época. Ela me observou e me entregou um cigarro. Tossi uns cinco minutos depois da primeira tragada. Nossa primeira conversa.
Minha querida paixão é uma mulher de atitude. Cisco Torres, uma pessoa perdida. Palavras da mulher de atitude. Isto tudo porque comecei a freqüentar todos os dias o seu restaurante antes de ir trabalhar, queria vê-la todos os dias. Sentava até mesmo em uma sessão diferente da que ela atendia, para ter mais tempo para uma olhadela, até ela reparar e vir me atender. Mesmo eu não estando em sua sessão. Todos os dias. Todos. Todos mesmo. Ela me levava àquela xícara de café, feita por crianças, e dava um sorrisinho. Definitivamente ela estava afim de mim.
Quando eu não estava com ela, estava no meu consultório, pensando nela. Dona Carmen minha paciente mais fiel, a que come muito doce e vive cheia de cáries, diz que o cúpido me pegou de jeito. Não ligo. Só não gostei quando ela disse que iria procurar outro dentista. “Querido seus dentes andam amarelados.”

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