Escola tradicional

ESCOLA TRADICIONAL

Não é por sadismo que a Escola Tradicional exigia silêncio e imobilidade, que fazia colocar os alunos em filas e que concedia tanta importância ao aprendizado das regras, inclusive ortográficas e gramaticais. É porque se apoiava sobre uma pedagogia da disciplina, da antinatureza. Era, mais profundamente ainda, porque considerava a natureza da criança originalmente corrompida. No século XVI estudos iconográficos levaram a conclusão de que na sociedade medieval não existia o sentimento da infância. Isto não significa que as crianças não eram amadas ou atendidas nas suas necessidades, mas quer dizer que elas não viviam em um mundo à parte, separado do mundo do adulto. Essa indiferenciação ocorria também na educação. Dificilmente os documentos medievais faziam referência à idade dos alunos, porque esse dado era de menor importância, embora os alunos mais novos tinham por volta de dez anos, estudavam lado a lado com jovens, adultos e velhos interessados em aprender. Durante a Idade Média era comum os pais mandarem seus filhos para outras famílias a fim de aprender boas maneiras e a prestar serviço, sobretudo doméstico. Dos sete até os quatorze ou dezoito anos, a criança aprendia pela prática, mergulhada nos afazeres cotidianos. Dessa forma ela escapava desde cedo à sua própria família, de modo que os laços que os prendiam eram de natureza sobretudo moral e social, mais do que propriamente sentimentais. Além disso, eram altas as taxas de mortalidade infantil, e muito baixa a média de vida dos adultos. Embora fosse triste a perda precoce dos filhos, este era um acontecimento comum demais para abalar muito profundamente os pais. Pela primeira vez na história da humanidade, nos colégios fundados pelas ordens religiosas dos séculos XVI e XVII, houve formação de uma escola que visa absorver totalmente a disponibilidade de tempo da criança. Ela passa a conviver com colegas da mesma faixa etária e é separada do mundo a fim de sucumbir