Escatologia do quarto evangelho
2009 palavras
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1 INTRODUÇÃO No quarto evangelho, a escatologia presente está em constante tensão com a escatologia futura. Por um lado, Jesus proclama: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24). Isso parece indicar que para o crente a morte está vencida e a vida eterna tomou o seu lugar. Por outro lado, Jesus anuncia aos seus seguidores a vida eterna no futuro quando diz: “De fato a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:40). Essa tensão entre a salvação que já começou com o que há de se cumprir ainda, é compartilhada também pelos escritos paulinos. Certamente a ênfase na salvação no tempo presente é mais forte em João do que em qualquer outro escrito do NT. Mas mesmo assim, o evangelista não omitiu o que ainda vai se cumprir: a ressurreição dos mortos (Jo 6:40), o juízo vindouro (Jo 5:28,29) e a volta de Jesus (Jo 21:22). Mas o seu tema principal continua a presença da salvação de Deus na pessoa de Jesus Cristo.
Enquanto os sinóticos nos oferecem todo um conjunto de ensinamentos morais sobre as condições de entrada ou de existência no Reino: a pureza de intenção, a prece, o jejum, a esmola, a castidade, a fidelidade conjugal, o desapego das riquezas. No quarto evangelho, Jesus fala, sem dúvida, da necessidade de guardar os mandamentos, mas ele não se explicita sobre nenhum ponto particular. Toda a moral de Jesus é relacionada ao mandamento do amor fraterno inculcado com grande instância (Jo 13:34-35 15:12 17:17-26). É claro, aliás, que as bases desta poderosa unificação se encontram nos sinóticos.
Outra modificação de grande importância: o recuo incontestável no quarto evangelho sob o ângulo escatológico; nenhum trecho apocalíptico do gênero do apocalipse sinótico, nenhuma menção da vinda do Filho do Homem sobre as nuvens, nenhuma descrição das côrtes do juizo final. A manifestação da