Entre capuchos
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Experiências, silêncios, singularidades e a reconstrução da memória
No mundo da historiografia atual não há como negar que a história oral e o estudo da memória passaram a ser bem mais difundidas e valorizadas, logo postas em evidência. O trabalho com memórias suscita uma busca pelo passado através de um refazer de memórias para constituir histórias que até então ficaram resguardadas à solidão de pessoas que carregam uma verdadeira biblioteca tão grande quanto rica em experiências que infelizmente são desconhecidas e postas a margem pela memória oficial. Neste trabalho buscaremos abordar a importância das memórias dos trabalhadores que vivenciaram o auge e a crise do algodão em Caturité cidade localizada na região do cariri paraibano especificamente na parte oriental a 163 km da capital do estado Paraíba, João Pessoa que mantém atualmente uma das maiores bacias leiteiras do estado. A época do período algodoeiro especificamente entre os anos 1940 a 1960 o então distrito pertencia à cidade de Boqueirão, mas mantinha uma independência invejável no que diz respeito à economia contando com uma feira no final de semana, iluminação elétrica advinda de um motor a querosene, mercearias das mais variadas, fazendas de roupas, hotéis onde se produziam alimentação equivalente a lanches baseados no doce de coco e pão doce, barbearias, padarias que produziam inclusive a sorda preta, vendas de carnes dos mais diferentes tipos, além de um motor de algodão que descaroçava o algodão e que gerava dezenas de empregos. No ano 1994 o distrito foi emancipado a cidade tendo sua primeira eleição no ano de 1996. É no período compreendido entre as décadas de 1940 a 1960 que buscaremos descobrir e revelar a partir das memórias a importância da família no trabalho algodoeiro, a força econômica do algodão na comunidade e as conseqüências da sua crise. Trabalhar com