Divercidade linguistica
LÍNGUA, EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS E DIVERSIDADE CULTURAL Maria Filomena Capucho
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VI LÍNGUA, EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS E DIVERSIDADE CULTURAL
Itinerários de viagem
Era uma vez…. a língua portuguesa e as pessoas que a falam. Início de uma narrativa indefinida e demasiado ambiciosa, porquanto, muito embora situada num presente de sincronia(s), deixa em aberto duas questões fundamentais: o que se entende por «língua portuguesa»? e «quem são exactamente as pessoas que a falam e onde vivem»? No quadro do presente capítulo, será relativamente fácil responder à segunda pergunta, se, à partida, nos colocarmos no contexto de um Estado definido, delimitando espacialmente o uso da língua portuguesa no seio do objecto da obra em que nos inserimos: o Por tugal multicultural. No entanto, definir a problemática levantada pela primeira interrogação (cf. Fig. 1), levar-me-á a equacionar questões epistemológicas que se prendem com a concepção do que é uma língua, inscrevendo-me no quadro de uma abordagem específica, a da sociolinguística. Figura 1 Que Português? Se tal posição pode ser questionável, ela parece-me adequada ao desenvolvimento do título proposto, que relaciona a língua com os seus usos, correlacionando estes com a(s) diversidade(s) cultural(-ais) verificável(-eis) no espaço e no tempo de um Portugal do século XXI. Tomar esta opção significa, também, considerar a língua como um fenómeno cultural e sociológico e questionar, desde o início, as relações que se estabelecem entre língua e cultura, ou melhor, entre usos linguísticos e culturas diversificadas. Estes corolários de base afastam, desde o início, questões tão em voga nos nossos dias, como o da definição normativa da língua ou das suas formas gráficas (o tão discutido tópico do Acordo Ortográfico!... ), e situam-me num espaço descritivo crítico do olhar a língua portuguesa – na(s) sua(s) variante(s) continental (-ais) europeia(s) –, enquanto testemunho vivo da sua diver-