Ensaio

O Menino Marrom: Discutindo o preconceito - Uma prática pedagógica voltada à questão racial

Elenucia Severo Soares1

Começo este ensaio falando de minha formação como docente e a paixão que tenho por essa profissão.
Desde pequena adorava brincar de professora e fazia das minhas bonecas, alunas. Ficava horas explicando conteúdos imaginários e gesticulando tal qual fazia minha professora Antônia do Ensino Primário, a quem me servia de modelo e a qual guardo com imenso carinho em minhas lembranças. Sonhava em crescer e me tornar uma grande educadora, capaz de transmitir conhecimentos e valores, onde todos os alunos cultivassem um grande carinho e respeito por mim.
Terminei o Ensino Fundamental com aquele desejo correndo em minhas veias. Ingressei no Ensino Médio em uma escola particular da minha cidade, que na época era voltada para o antigo Magistério e lá comecei a realizar meu sonho.
Por amar o que fazia e demonstrar competência e seriedade frente aos desafios que surgiram, desenvolvi um estágio surpreendente, onde antes mesmo de iniciar a faculdade de Letras, que era meu segundo objetivo, fui contratada por essa mesma escola privada a ministrar aulas em uma Quarta Série, hoje Quarto Ano, pois a professora que dava aulas para a turma, havia pedido para sair por motivos de saúde.
Eu, que na época contava somente com minha pouca experiência de estágio, imaginei que o mundinho cor de rosa em que vivi entre quatro paredes, durante seis meses, e que tinha a professora regente da classe me auxiliando, se repetiria novamente. Aí começa minha história.
A turma a qual fui convidada para trabalhar era composta de 28 alunos sendo 15 meninas e 13 meninos. Destas 28 crianças, 3 eram negros. Como o critério de admissão na escola, era o sorteio, a formação de turmas heterogêneas, em diferentes aspectos (étnico, social, cultura, econômico) se fazia presente de forma intensa. Isto possibilitava um ambiente amplamente rico para trocas, pois as vivências variadas faziam parte