enfermagem
Rachel Aisengart Menezes1 & Edlaine de Campos Gomes2
Universidade Federal do Rio de Janeiro
& Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
RESUMO: Vida e morte são conceitos centrais para a compreensão das concepções de pessoa e estão presentes em distintas culturas. Os modos de administração do início e término da vida são os mais diversificados e dependem das crenças compartilhadas, elaboradas por cada grupo social. Este artigo se insere no conjunto de estudos antropológicos dedicados ao tema da morte e aos rituais a ela correspondentes. Em sociedades ocidentais, observam-se, na contemporaneidade, mudanças significativas e permanências no que tange ao estatuto dos vivos e dos mortos. Com base no exame de notícias da mídia e de bibliografia sobre o tema, são desenvolvidas reflexões acerca das mudanças nos rituais fúnebres. Tal escolha é justificada pela possibilidade de apreensão de noções, crenças e valores que constituem nódulos centrais em nossa cosmologia, como pessoa/indivíduo, ciclo de vida, etapas da vida, dor, natureza/cultura, vida/morte, entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: Ritos funerários, individualização, vida/morte, ciclo de vida.
“Um dos maiores paradoxos do cristianismo é o de retirar da morte esta significação apriorística, colocando a vida sob o ângulo da sua própria eternidade. E isto não só porque promete uma continui-
RACHEL A. M. & EDLAINE DE C. G. “SEU FUNERAL, SUA ESCOLHA”
dade após o último instante de vida na terra; mas também porque coloca o destino eterno da alma sob os conteúdos da vida: cada um mantém ao infinito a sua significação ética como causa determinante do nosso futuro transcendente, quebrando assim a sua própria limitação intrínseca. Nestes termos, a morte parece suplantada: primeiro porque a vida, esta linha que se estende no tempo, ultrapassa o limite formal do seu fim; mas também porque ela nega a morte, que opera através de