Durandina

597 palavras 3 páginas
Darandina é narrado em primeira pessoa, por uma testemunha do episódio, um plantonista de um hospício.

É um conto que se situa entre o anedótico e o satírico. Seu título não é explicado pelo autor. Os dicionários passaram a incluir “darandina” em suas edições mais recentes – talvez devido exatamente ao emprego desse termo por Guimarães Rosa – com o sentido de atrapalhação, confusão.

Darandina é um dos 21 contos, narrativas curtas, integrantes da obra Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, onde a estória coloca, como O Alienista, de Machado de Assis, a questão das fronteiras entre a normalidade e a loucura: ou estão todos loucos, caso em que ninguém é louco?

Este é um dos poucos contos urbanos da obra. Claramente, sua temática é a loucura: uma pessoa comum que, por isso, consegue realizar uma façanha que espanta a todos os viventes e espectadores de um dia comum: escala, sem dificuldade alguma, uma palmeira e se instala no seu topo, resistindo a todas as tentativas que se fizeram para arrancá-la de lá. As conseqüências desse fato inusitado são as mais diversas, mas o principal é que se chega à conclusão de que faltam conceitos para explicá-lo.

Sua maluca subida, além de fazer lembrar Ismália, do simbolista Alphonsus de Guimarães, mostra uma confusão que a personagem faz entre plano denotativo (sair do chão, ao pé da letra) e plano conotativo (sair do chão no sentido de buscar a transcendência).

Em meio ao impasse produzido pela cena nova e deslumbrante (o homem no topo da palmeira brilha e fere como o sol ao meio-dia), o narrador expõe suas dúvidas, desconfiando que o mundo se deixa abalar não tanto por conteúdos renovados, mas pela maneira como estes conteúdos se estruturam na sua apresentação.

Outro aspecto interessante é o que acontece no chão. Além do absurdo que é os especialistas discutirem a rotulação da insanidade do sujeito, sem solucionarem o problema, chama também a atenção a cidade inteira acompanhar o espetáculo do rapaz. Tudo isso

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