DOSSI VIII Contos Jur Dicos

Contos Jurídicos

Vito e a Moeda
Rodrigo Bertozd
Vito era um advogado especializado em Direito Internacional, principalmente na área de contratos. Cinquenta e sete anos com o rosto dominado por uma barba espessa cor de ferro. Olhos febris, esverdeados e quase brutos. As linha do rosto eram suaves e exalavam uma profundidade de quem tem a sabedoria. Estava na Itália acompanhando negócios de seus clientes e aproveitando para tentar fazer contados com outros escritórios. Seu objetivo era fazer uma aliança com sociedades de advogados europeias. Assim, fortaleceria suas operações no país. Sabia que, com tanta concorrência, era preciso mexer-se constantemete.
Estranhamente, sentia-se nostálgico do tempo em que eram apenas ele, o sócio e mais uma estagiária. Nem secretária ele tinha. Aquilo sim eram os bons tempos. Mas querendo ou não, fora obrigado a adaptar-se às mudanças, pois sem isso com certeza estaria amargando um ostracismo profissional sem retorno.
A frase que mudara seu pensamento havia sido ouvida em uma conferência: qual herança intelectual pretende deixar na Terra?
Aquela ideia demolira-o? Realmente, o que fazia para deixar algo que não apenas bens materiais? Então passara noites em claro, remoendo uma nova perspectiva para sua carreira e obviamente para o escritório. O medo mitológico se apossará de sua alma, os receios pelas mudanças que teria de implementar freavam-no a todo momento. Contudo, com paciência, tempo e ajuda de especialistas conseguiu modificar o DNA do escritório, tornando-o mais profissional. Com isso, mais clientes, mais pessoas para gerenciar, e a sua operação crescera a ponto de incorporar mais e mais sócios na sociedade. Foi um caminho que escolhera.
Se estava feliz? Não sabia ao certo. Tanto trabalho fizera-o destruir o casamento, ver os filhos crescerem ao longe, distanciar-se das amizades. Compreendeu
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tarde demais que o sucesso profissional deve vir equilibrado com outras partes da vida. Era reconhecido no mundo jurídico, havia