De espinosa a kant

3314 palavras 14 páginas
DO SABER DA EXPERIÊNCIA À EXPERIÊNCIA DO SABER

por Fernando Martinho Guimarães f_guimaraes@sapo.pt Numa crónica publicada no Diário de Notícias, na edição de 7 de Janeiro de
2007, «Dois tipos de experiência», Anselmo Borges, padre e professor de
Filosofia, faz a aclaração entre dois tipos de experiência. Pegando na distinção que na língua inglesa se faz entre «experiment» e «experience», e na língua alemã entre «experiment» e «erfahrung», o cronista delimita o que na experiência é da ordem da experimentação e o que é da ordem dos «valores e das significações humanas». Se a experimentação – «experiment» –, designa o que é próprio das sociedades tecno-científicas, os termos «experience» e
«erfahrung» carregam um significado que habitualmente associamos ao que é verdadeiramente humano: a vivência subjectiva e intersubjectiva. A este propósito, Anselmo Borges encontra, na análise etimológica da palavra portuguesa «experiência», sugestivas ressonâncias de sentido. Assim, na origem latina da palavra, está a preposição «ex» e o verbo «periri». As palavras
«perito» e «experto» derivam também do vocábulo latino. Mas a «periri» ligase «periculum», isto é, perigo. No pôr à prova, que cabe dentro do significado de experiência, achamos o atributo de quem é experimentado – na vida ou numa especialidade. Experienciar é, pois, um lançar-se para a frente, um ensaio cujo resultado é incerto. A incerteza que atravessa toda e qualquer experiência está bem presente no lexema «per», que se encontra nas palavras
«experiência», «perito», «perigo». E que outra experiência faz perigar mais as convicções e crenças que julgamos inabaláveis, que a experiência filosófica? Na reflexão, a razão experimenta-se a si própria, põe-se à prova. É ainda Anselmo
Borges que, no citado artigo, se abalança, ainda por via da etimologia, a extrair o que na aventura e errância da palavra «experiência» é oportunidade de sentido.
A palavra «oportunidade» é aqui usada na plenitude do

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