DARCY RIBEIRO EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE NACIONAL FLAVIO DINOA BURITI - UFPB

ANPUH – XXII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – João Pessoa, 2003.

DARCY RIBEIRO EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE NACIONAL
FLAVIO DINOA BURITI - UFPB

1 – Introdução

Falar sobre Darcy Ribeiro é sempre um desafio. Este homem é uma enciclopédia vastíssima de assuntos sociais, que não se prendeu aos estudos antropológicos e passeou pela sociologia e educação “remendando” universidades mundo afora. Foi exilado, direitos políticos cassados, mal interpretado, mas atuante na política na causa pela educação e cultura brasileira.
Darcy Ribeiro foi muito criticado por não ter-se dedicado exclusivamente à Antropologia. Foi incompreendido, pois ninguém é exclusivamente médico, nem exclusivamente historiador. Todo historiador é um pouco sociólogo – na

medida em que compreende os processos sociais,

compreende um pouco da mente humana e age diretamente na sociedade escrevendo, falando, ensinando ou aparecendo na televisão. Os antropólogos devem muito a este pesquisador pela sua audácia de lutar na esfera política pelas causas que os índios tanto reivindicam.
Darcy Ribeiro foi Antropólogo mas não por muito tempo. Nesse curto período – anos 60 – escreveu livros que hoje são essenciais na historia da antropologia. Influenciado pelo professor
Herbert Baldus, estudou os índios brasileiros e tanto os compreendeu, que se apaixonou pela causa e foi lutar por melhores políticas indígenas na FUNAI. Darcy Ribeiro participa da criação do Museu
Nacional do Índio, onde posteriormente colaborou para a abertura de um curso de pós-graduação em Antropologia, pois sentia a necessidade de desenvolver esta ciência no país e formar novos antropólogos. Sabia de suas limitações – como ele mesmo dizia: “Cada um sabe de si”. Darcy
Ribeiro havia mudado sua atitude frente a academia abrindo os estudos antropológicos para novos objetos e discutiu ainda com o Serviço de Proteção aos Índios que dificultavam o seu trabalho enquanto professor do curso impondo-lhe grandes dificuldades