Conversas com um jovem professor
“(...) Nosso cérebro, didático, vai acumulando uma lista de “fazer e não fazer”, que cresce e se modifica a cada ano”. (...) Mas o tempo das listas era o tempo da trincheira e não o da escrita. “As demandas variavam, precisei fazer pós-graduação, escrever muitas coisas antes e este livro não surgia.” (p.9)
“(...) Ainda há vontade de ser professor e, se não identifico mais a labareda que incinerava tudo no inicio, também é evidente que não vivo um universo de cinzas. É um lugar bom: o ponto do meio para a frente, o ponto de uma avaliação de escape de dois pólos enganadores – o entusiasmo excessivo e a tristeza. Ambos embaçam a visão.” (p.10) “Aqui você descobrirá algo menos vasto, menos ambicioso, mais prático: como dar aula, como corrigir provas, o que seria necessário lembrar numa reunião de pais. Sem buscar a autoridade, senão a da experiência. Assim, por consequência, outros colegas, com subjetividades distintas, darão opiniões distintas..” (p.11)
“(...) Dei aulas particulares, aulas para pequenos grupos, para salas lotadas de mais de cem alunos na faculdade e públicos de cinco mil pessoas em ginásios. A única experiência que nunca tive, e sempre prestei intensa homenagem, é a de alfabetizar alguém. Nunca ensinei alguém a segurar um lápis e fazer a curva da letra “a”. Admiro muito esse trabalho, do fundo do coração./ Como eu disse, tenho experiências variadas, mas há pessoas com muito mais conhecimentos e com vida mais longa. Apenas juntei um tipo de atividade especifica com a tradição da reflexão e da escrita. Desse traço, nasceu este livro. Tenho vontade de que ele seja lido, debatido, contestado e superado. Tenho vontade de que ele assuma seu papel de tijolo e que, na estrutura do muro completo, faça sua parte sem alarde e sem pretensão de todo.” (p.12) “Vai começar. Você estudou anos para isto. Preparou aquela aula. Leu e debateu autores que tratam do tema. Porém nada no planeta pode substituir a experiência de