construção e reconstrução da velhice
Práticas Profissionais
Resumo
A construção e a reconstrução da velhice: família, classe social e etnicidade.
Por Guita Grin Debert
Universidade Cruzeiro do Sul
Curso de Psicologia
2013
Em “A construção e a reconstrução da velhice: família, classe social e etnicidade” a autora problematiza o tipo de polemica gerado pelo processo de construção/desconstrução davelhice. Segundo a autora a produção acadêmica recente tenta desconstruir a velhice como fase homogênea e reconstruí-la sob novas bases de homogeneidade ou heterogeneidade. Nesta fase da velhice as experiências vividas seriam homogeneizadas e os problemas dos idosos, por serem comuns, rejeitariam diferenças de classe, raça ou etnicidade (Debert, 1999). O processo de desconstrução e reconstruçãoformaria uma subcultura, formada por indivíduos maiores de 60 anos, passível de ser estudada – formação da Gerontologia – porém sem um papel especifico na sociedade moderna, sendo um grupo desprivilegiado em sociedades industrializadas (Burguess, 1960; Barron, 1961; in: Debert, 1999, p. 42).
Um dos principais erros quando se aborda o processo de envelhecimento é encara-lo com a aplicação de perspectivasorganicistas (Fonseca, 2010)1. A análise de trabalhos mais recentes, segundo Debert, mostra que a modernização diminui a satisfação e status dos idosos, visto que, em sociedades tradicionais, o idoso tem maior status e prestigio. Deste momento surgem duas teorias, a teoria da atividade e a teoria do desengajamento, onde o processo de envelhecimento acarreta a perda de papeis na sociedade. Segundoa teoria da atividade essa “perda” pode ser compensada por novas atividades direcionadas aos idosos, mantendo-os ativos e, portanto, felizes (Cavan, 1965 in: Debert, 1999, p. 43). Já a teoria do desengajamento propõe que o desprendimento voluntário das atividades é o que traz a felicidade na velhice (Cuming e Henry, 1961 in: Debert, 1999, p. 43).
Quanto à heterogeneidade e a homogeneidade navelhice a autora anuncia que as análises são semelhantes às propostas por Guillermar (1986), onde a sensibilidade com relação ao idoso passou por três períodos, sendo o primeiro marcado pela velhice relacionada a pobreza, discutindo a subsistência do trabalhador velho. O segundo período associa a velhice a uma fase de solidão e marginalidade, dando ênfase em fatores como lazer, férias e serviçosespeciais de saúde para os idosos, nascendo a ideia de Terceira Idade. O terceiro e ultimo período diz respeito a revisão da idade cronológica da aposentadoria, a velhice passa a ser vista como o momento em que o trabalho é ilegítimo. (Guillermard, 1986 in: Debert, 1999, p. 45).
A autora ainda afirma que, segundo Aries (1983), ocorreram três mudanças na visão do envelhecimento. Na primeira osnascidos em meados do século XIX a velhice consistia em um momento de mudanças sociais e nos hábitos e costumes. A segunda foca nos nascidos na década de 80 e 90 do mesmo século, onde os jovens tinham horror a velhice dos pais, acreditando que, com a modernidade, poderiam envelhecer sem que nenhum hábito, atividade ou costume fosse deixado para trás por incapacidade. A ultima mudança mostra o pensamentodos nascidos entre 1910 e 1920, onde a velhice seria vista como um momento de lazer e descanso desencadeado pela terceira idade.
Não se esquecendo da relação negativa entre envelhecimento e modernidade, Debert assume que se pode dizer pouco sobre a relação dos velhos e seus filhos em épocas passadas. A autora cita o trabalho de Thompson et alii (1991), que indica um padrão nas relações familiaresdos últimos 150 anos, onde morar com os filhos é a opção mais escolhida pelos idosos em momentos de crise bem com a independência de morar sozinho é igualmente escolhida quando estes indivíduos estão em boas condições de saúde. Além disso, a ideia de maior prestigio para os idosos em sociedades tradicionais “cai por terra”. Os idosos que foram bem sucedidos serão prestigiados, porém os demais...
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