Considerações sobre estudos de gênero na etnologia
Raquel Pereira Rocha de Paula Arruda*
De acordo com Adam Kuper (1973) e, como é recorrente na literatura antropológica, Malinowski é tido como fundador da antropologia social na Grã-Bretanha por ter estabelecido pioneiramente um intenso trabalho de campo na comunidade trobriandesa. Durante os quinze anos que ele passou na London School of Economics ele era o único etnógrafo no país. Toda uma geração de seguidores argumenta que a antropologia social começou nas ilhas Trobriand em 1914. Esta grande reputação persiste, na visão de Kuper, não obstante a simplicidade das formulações teóricas de Malinowski. De acordo com Kuper, Malinowski baseou sua monografia em uma nova perspectiva e acabou liderando uma revolução funcionalista. Analisando o impacto do funcionalismo, Kuper argumenta que os funcionalistas caíram no apanágio dos evolucionistas que rejeitaram não só difusionismo, mas todo o empreendimento de uma geração e suas preocupações teóricas originais. Nas primeiras páginas do seu Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), Malinowski definiu o seu próprio ponto de vista, com referência às principais preocupações destas escolas. Houve também a influência de Durkheim e da escola de Paris, que tinha atraído a atenção de Radcliffe-Brown antes da Primeira Guerra Mundial, e que continuou a influenciar os antropólogos sociais britânicos. Kuper salienta que Malinowski trouxe um novo realismo à antropologia social, com suas novas técnicas de observação. Radcliffe-Brown introduziu a disciplina teórica francesa da sociologia, e trouxe mais rigor aos conceitos com a ajuda dos novos trabalhos de campos. Ele também estabeleceu vários centros científicos e assumiu a liderança da antropologia social britânica no fim dos anos trinta. Radcliffe-Brown em 1937 foi nomeado em Oxford para a primeira cátedra em antropologia social. Foi dentro do pequeno mundo da antropologia britânica, diz Kuper, que ele teve