clima semi-árido

O semiárido brasileiro é marcado por um mito. O mito do eterno subdesenvolvimento; da seca; e das populações retirantes que buscam sua sobrevivência em outros espaços “mais favoráveis” ao seu desenvolvimento. Este mito não só encobre as estruturas políticas e econômicas que perpetuam um modelo de desenvolvimento excludente, como é funcional à preservação de oligarquias e interesses políticos que se beneficiaram historicamente da “indústria da seca” e da visão patrimonialista do estado e de suas ações.
Esse mito encobre que o semiárido brasileiro é o mais pluvioso (ou chuvoso) do mundo. Mais que Israel, mais que a Austrália, mais que grande parte das terras semiáridas dos Estados Unidos. Encobre também a existência de uma fauna e flora únicas, dispersas em um espaço geográfico marcado pela presença de uma enorme população de origens, cultura e modos de vida variados, conquistados pelo trabalho, pela sabedoria e pela esperança, constituindo os diferentes sertões que o semiárido engloba.
Neste “não-lugar” que o semiárido se tornou, diversas experiências comunitárias, religiosas e de articulação foram vivenciadas quase sempre à margem das políticas ou financiamentos oficiais. Experiências de organização dos excluídos da cidadania plena, dos direitos humanos e da autodeterminação. Parte destas experiências se constituiu em uma enorme rede de organizações, entidades e pessoas pela construção de um semiárido viável, sustentável e cidadão, a partir da consigna de “Convivência com o Semiárido”, tendo as Agricultoras e Agricultores familiares e suas organizações como sujeitos deste processo.
Conviver com o semiárido significa adaptar-se às condições que a região oferece a fim de viver dignamente. É compreender que, diante das limitações que a natureza oferece, o homem precisa buscar alternativas para minimizá-las e potencializar os aspectos positivos. Mais que isso, é compreender que é possível viver bem, ter qualidade de vida.
Isso é possível quando agricultores e