Circulando Com Os Meninos Participa O E Aprendizado Da Crian A Xakriab Na Explora O Do Territ Rio E Da Atividade Da C

7966 palavras 32 páginas
Circulando com os meninos: participação e aprendizado da criança Xakriabá na exploração do território e da atividade da caça1.
Rogério Correia da Silva2

RESUMO
O presente artigo é parte da pesquisa que buscou investigar a infância vivida pelas crianças indígenas Xakriabá, caracterizando as sociabilidades e aprendizados que configuram sua educação, especificamente a vivência cotidiana em seu grupo familiar e sua participação nas atividades do grupo. Os Xakriabá habitam a região sudeste do país ao norte do Estado de Minas Gerais, com aproximadamente oito mil pessoas, constituindo a maior população indígena do estado. Significativas mudanças nos últimos anos contribuíram para o aumento de sua população, sendo mais da metade composta por crianças e jovens. Elegemos a circulação das crianças pelo território indígena como fio condutor de nossa descrição etnográfica sobre a infância dos meninos Xakriabá. As trilhas e estradas da Terra Indígena nas quais adultos e crianças circulavam diariamente eram marcadas por uma coexistência pacífica ou não com os não-humanos como os espíritos dos mortos (as aleivosias), os seres encantados e as cobras. Para as crianças, acrescentaríamos que o caminhar pelo território também era marcado pela tensão na convivência com os cachorros, deixando transparecer aos olhos do pesquisador a relação de distância ou proximidade das crianças com os moradores das casas a que pertenciam os animais. A circulação das crianças pela aldeia constitui um tema de estudo da infância indígena que ganha novos matizes à medida em que vamos conhecendo aspectos sociais relacionados à educação da criança nos diversos grupos indígenas. É acompanhando os meninos acima de 10 anos em suas caminhadas pela terra indígena que vamos identificando os espaços e as diversas atividades que delas participam. Faremos a leitura desta circulação, participação e aprendizados das crianças num estreito diálogo com teorias (Lave & Wenger, 2003; Rogoff, 2004; Ingold, 2001) que tratam

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