Casas Que Matam Geobiologia Autor Roger De Lafforest 1

52874 palavras 212 páginas
ROGER DE LAFFOREST

CASAS QUE MATAM
TRADUÇÃO
Norberto de Paula Lima
Global / Ground
SÃO PAULO
1986
Título do original francês: “Ces maîsons qui tuent”
SUMÁRIO

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.

Os perigos do céu aberto
As sete pragas
As casas de câncer
Os "santuários"
A memória das paredes
Precauções e remédios
O fantasma é inocente
1. OS PERIGOS DO CÉU ABERTO
Para o homem, o natural não é viver livre em liberdade, mas viver livre em um cárcere.
Malaparte

Dentre os animais, o homem é o mais vulnerável; não tem carapaça, nem couro, nem sequer pêlo que recubra sua pele. É um ser mais nu que uma lombriga e mais frágil que uma larva.
Para o Grande Organizador de Catástrofes, o homem é a vítima ideal, pois não existe outra que, como ele, seja consciente de sua condição. É inteligente, engenhoso, e se obstina comicamente em escapar a seu destino de presa... o que torna ainda mais atrativa a caça ao homem, que a natureza pratica sem quartel.
Em conseqüência, e mesmo que possa parecer paradoxal, as circunstâncias em que o homem tem mais possibilidade de sobreviver - as estatísticas demonstram isso de modo seguro - são precisamente as catástrofes de que ele em pessoa é o autor e o responsável, vale dizer: os acidentes automobilísticos e as guerras.
Encerrados nessas cascas de ovo que nós chamamos ''automóveis", os motoristas lançam-se uns atrás dos outros - ou uns contra os outros -, adiantando-se, esbarrando uns nos outros e se esquivando com margens de segurança não superiores a poucos centímetros.
Ademais, nenhum dos participantes deste jogo perigoso respeita as regras, donde o razoável seria pensar que não pode haver sobreviventes ao final de um balé tão louco.
Entretanto, e contrariando todas as expectativas, as estatísticas provam que, dos milhões de alucinados que a cada dia jogam este jogo, só alguns milhares nele encontram a morte.
O que, em definitivo, equivale a dizer que cada um de nós, quando sai para a estrada, tem tanta possibilidade de morrer violentamente como de

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