Capitulo 5

Capítulo 3 – A Herança da Conquista
Em 1556, visto que disposições reais proibiam o uso das palavras conquista e conquistadores, são estas substituídas por descobrimento e colonos. Este texto parece indicar, quase ordenar, o fim da conquista. Será que os problemas são assim tão simples? Os conquistadores realmente desapareceram depois da metade do século XVI, ou a conquista prolongou-se através dos séculos até os nossos dias?
As condições da conquista nos séculos XIX e XX não são idênticas às da conquista da primeira metade do século XVI, mas são comparáveis.
Diferenças quanto à intensidade do fenômeno: desproporção esmagadora entre as armas empregadas pelos brancos e as de que dispunham os indígenas; diminuição demográfica dos índios fueguinos é explicada pelos historiadores em função das lutas internas entre as diferentes tribos. Todavia, não devemos esquecer que, se tais lutas aconteceram, foi devido ao fato de que uma tribo, atacada e rechaçada pelos brancos, é obrigada a invadir território pertencente a outra tribo: daí a guerra; doenças infecciosas desempenham também um papel exterminador; há ainda as “matanzas”, as matanças: o Estado concede terras a particulares. Aí vivem índios e gado, guanacos (mamífero sul-americano) sobretudo. A sociedade (ou o particular) que obteve o terreno começa por livrar as terras do guanaco. A primeira “matanza” é a do guanaco, visto que ser quer introduzir carneiros nessas terras. Mas o guanaco constitui a base da alimentação do índio. Assim ele é “obrigado” a matar carneiros, tornando-se um ladrão … Portanto passa a ser legítimo matá-lo. Caçadores de índios se encarregarão disso.
Será que ainda se pode dizer que a conquista acabou em 1556? Certas constantes que existem na América desde o século XVI ainda persistem. Hoje como ontem, o problema não é o da bondade dos índios ou maldade dos europeus, mas do contraste entre forças de dois tipos de economia, e portanto de sociedades, estruturalmente diferentes. Tudo é agressão,