Capitalismo
David Harvey
Boletim Campineiro de Geografia. v. 2, n. 1, 2012.
Entrevistado em 27 de fevereiro de 2012, por André Pasti, Luciano Duarte, Melissa Steda e Wagner Nabarro
Contribuíram: Adriana Bernardes da Silva, Eduardo Augusto Wellendorf Sombini, Vicente Eudes Lemos Alves e Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira Agradecimentos: Boitempo Editorial – Yumi Kajiki e Kim Doria; Mariana Herig
Entrevistamos David Harvey durante sua estadia em São Paulo para o lançamento da edição em português de O Engima do Capital e as crises do capitalismo (Boitempo, 2011). Harvey falou sobre a atual crise do capitalismo, a acumulação por espoliação e as cidades como locus da produção da resistência ao capitalismo, entre outros temas.
180
Entrevista: David Harvey
Boletim Campineiro de Geografia: Professor Harvey, gostaríamos de iniciar falando sobre O Enigma do Capital, lançado recentemente no Brasil pela Boitempo Editorial. Começando pelo final do livro, quando o senhor discute “o que fazer”, o senhor propõe que “um outro comunismo é possível”, e mesmo que poderíamos batizar a luta de “anticapitalista” e de “Partido da Indignação” contra o “Partido de Wall Street”. Parece que essas e outras ideias suas foram inspiradoras para movimentos como o #OccupyWallStreet. Pouco menos de seis meses após o início desse movimento em particular, gostaríamos de saber qual é sua avaliação a respeito. Ele tem se mostrado efetivo? Quais aprendizados já podemos tirar dessa experiência? David Harvey: Na verdade, eu não acho que eu tenha inspirado o movimento... O que fiz em O Enigma [do Capital] foi concluir, a partir de uma série de movimentos sociais ocorrendo em Nova Iorque, que algo assim iria acontecer. Em outras palavras, apenas expressei-me de acordo com o que estava acontecendo ao redor. Havia descontentamento em todo lugar, estava bem claro que alguma coisa iria acontecer, mas exatamente o quê eu não sabia... Então, penso que muitas dessas questões de certa forma