CAP

II – A NATUREZA CANÔNICA DA FAMÍLIA

2.1 O conceito de família e a organização da família católica

Gramaticalmente, a palavra família origina-se do latim famulus, termo que era usado para determinar o conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor, entre os quais incluía-se a esposa e os filhos. Desta forma, a família greco-romana compunha-se de um patriarca e seus fâmulos: esposa, filhos, servos e escravos. (PRADO, 1985, p. 31).

Para a Igreja, o termo família designa um grupo de pessoas relacionadas entre si por laços do matrimônio e também de parentesco, como os pais e seus filhos, que vivem conjuntamente em uma mesma residência. (CHAMPLIN, 2004, p. 680).

Ainda na sociedade greco-romana, assim como na era cristã, a dissociação entre a família e a religião é tida para a sociologia como algo inconcebível. Tanto socialmente como individualmente, a vida orgânica da família não só conta com o apoio, mas é controlada pela religião, sendo o próprio conceito de família edificado pela religião. (PRADO, 1985, p. 67).

Danda Prado (1985, p. 68) afirma que, em recompensa ao apoio à família, a instituição religiosa é amparada e conservada pela mesma, que lhe oferece apoio, o qual indispensável e necessário, colaborando essencialmente com a transmissão das crenças, o cumprimento das práticas religiosas e a aceitação das punições impostas. A autora assenta que foi esta a forma usada pela Igreja, que se apresenta tanto ou mais tradicionalista quanto a família, para sacralizar as principais manifestações da vida familiar, como o nascimento, o casamento e a morte, e condenar outros, como o divórcio, o aborto e a cópula carnal.

Grande parte do direito matrimonial canônico e do conceito de formação da família foram apresentadas ainda pelos Hebreus no Pentateuco, os cinco livros redigidos por Moisés no antigo testamento. Donde se encontram preceitos de questões sobre noivado, festividades, casamento, educação dos filhos e outros. (CHAMPLIN, 2004, p. 681).