Campos

A poesia de Álvaro de Campos divide-se em três fases:
Fase decadentista, esta fase poética de Álvaro de Campos revela-nos um sujeito poético doente e inadaptado ao mundo e à vida.
Fase futurista – o futurismo, a vanguarda e o sensacionismo, o texto mais expressivo desta fase, a “Ode Triunfal”, constitui um elogio explosivo e excessivo da civilização tecnológica. Segundo Pessoa , Álvaro de Campos passa da fase decadentista para a futurista, por influência de Alberto Caeiro e pelo fascínio da sensação. Só que enquanto Caeiro sente de forma pacata e serena, Álvaro de Campos sente de forma excessiva e conturbada. Ao aborrecimento e ao desencanto da fase decadentista, sucedem os excessos do sensacionismo e da vanguarda próprios da fase futurista, com o cântico exacerbado e claramente provocatório do progresso e da civilização moderna.
Fase intimista/abúlica - Álvaro de Campos, irmão gémeo de Pessoa, a última fase de Álvaro de Campos torna-o “irmão gémeo” de Fernando Pessoa. Ao excesso da fase futurista, segue-se uma outra fase marcada pelo desencanto, aborrecimento e a náusea existenciais.
Ode Marítima

Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão, Olho pro lado da barra, olho pro Indefinido, Olho e contenta-me ver, Pequeno, negro e claro, um paquete entrando. Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira. Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo. Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio, Aqui, acolá, acorda a vida marítima, Erguem-se velas, avançam rebocadores, Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto. Há uma vaga brisa. Mas a Minh 'alma está com o que vejo menos, Com o paquete que entra, Porque ele está com a Distância, com a Manhã, Com o sentido marítimo desta Hora, Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea, Como um começar a enjoar, mas no espírito. Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma, E dentro de mim um volante começa a