Bumba-meu-boi

Chamaram Catirina, mulher de Chico, mulata de beleza falada e cantada na região:
- Que te parece o Chico, Catirina ?
- Homem dos mais direitos.
- Gostas dele?
- A mais não poder.
- Pois vai até ele, te faz grávida dele e diz, depois, que estás com desejo de comer a língua de Boi Barroso.
- Língua de Boi Barroso?
- Sim. E não assunte.
Catirina, assustada, só atendeu porque o próprio dono do boi lhe falava. E, portanto, se assim foi dito, assim foi feito:
- Língua de Boi Barroso, Catirina ?
- Sim, meu homem, língua de Boi Barroso. É desejo.
Pressionado por Catirina, Chico, armado de espingarda, matou Boi Barroso. Tirou-lhe a língua e deu-a de comer a Catirina. O fato acontecido, ficaram todos à espera da iniciativa de Chico: falaria a verdade ou mentiria?
Na madrugada, antes do sol de fora, Chico selou o cavalo e, cabeça descoberta, partiu a galope em direção à Casa-Grande (19). A certa altura parou e buscou uma forma de contar o ocorrido a seu amo:
- Patrão, Boi Barroso entrou no paul, enterrou na lama e morreu.
Insatisfeito, tornou a partir a galope. Parou de novo:
- Patrão, Boi Barroso pastava quando, de uma capoeira, saiu uma cascavel e mordeu Boi Barroso. O bicho babou, escumou e morreu. Outra vez não gostou. Apertou as esporas e recomeçou a corrida em direção à Casa-Grande, cada vez mais perto. Voltou a parar:
- Patrão, Boi Barroso passava pela mata quando um ipê, sacudido pelo vento, quebrou e caiu em cima dele. Boi Barroso morreu.
Novamente tolice. Recomeçou o galope e avistou a fazenda. Chegou e apeou:
- Meu amo, Catirina estava com desejo de comer língua de Boi Barroso. Atirei no boi, cortei a língua e dei para ela comer. Aqui estou eu esperando sua palavra e seu