Bom Crioulo

Amaro era um escravo, até fugir para a marinha. Negro extremamente forte e trabalhador, ganhou o apelido de Bom-Crioulo por ter, a princípio, um comportamento dócil, o que contrastava com seu porte físico e fisionomia, além de ser muito disciplinado. Durante uma viagem, acabou conhecendo Aleixo, um grumete loiro de pele branca, olhos azuis e porte de menino novo, magrinho, quieto. Aleixo fez surgir em Amaro sentimentos que este jamais havia experimentado - uma estima imensa, uma admiração e, mais do que isso, um forte desejo. Amaro apaixonou-se por Aleixo e estava decidido a tê-lo para si.

Publicado em 1895, "Bom-Crioulo" tem sua base no período literário conhecido como naturalismo - ou seja, os personagens por vezes são reduzidos a seus aspectos animalescos, puramente instintivos, tais como o desejo, sentimento que supera a capacidade racional de controle. A narrativa é feita em terceira pessoa, garantindo um olhar objetivo e imparcial sobre os fatos, que são narrados por meio de muitas descrições e detalhes. A linguagem utilizada é bastante simples, fator que foi crucial para que a minha leitura fosse rápida e fluída.

O fato é que a história não me cativou, mas a linguagem simples somada à personalidade dos personagens conseguiu me prender, e deu-se que a leitura foi feita em três dias. O enredo não é enrolado, e toda essa objetividade foi o que mais me agradou na história, com algumas exceções. Admito que o tema homossexual pouco me incomodou, mas sim essa própria essência do naturalismo presente na obra, que fez com que eu chegasse à conclusão de que esse período literário está longe de ser um de meus favoritos! Senti falta de alguns quotes legais para marcar, uma frase ou outra para refletir, mas o que a leitura me proporcionou foi uma visão de como funcionava a marinha na segunda metade do século XIX (castigos, escândalos etc.), além de, logicamente, o polêmico tema do homossexualismo em uma época em que o preconceito era ainda mais evidente do que