Biografia Marshall

Alfred Marshall foi herdeiro da rica herança intelectual dos economistas e pensadores dos séculos XVIII e XIX, tanto da Grã-Bretanha quanto do resto do continente europeu. Marshall foi um exímio matemático, versado em Ciências Naturais, Filosofia, História e clássicos da Antiguidade greco-romana. Seus ascendentes pelo lado paterno eram principalmente clérigos, alguns dos quais tiveram certa notoriedade. Seu pai, William Marshall, não seguiu a tradição familiar, mas quis que o filho seguisse. Esse traço anglicano, porém severo, ascético e antifeminista marcou sua formação, orientada a princípio para a ordenação clerical. Mas Marshall também não seguiu a tradição, e por fim, nem mesmo manteve-se crente. William Marshall, de caráter resoluto e dominador, porém não cruel, em que rispidez era temperada pela afeição familiar, era um evangelista antifeminista militante. Foi autor, já na velhice, de um panfleto significativamente intitulado “Os Direitos do Homem e os Deveres da Mulher”. Ocupando uma posição confortável de Caixa do Banco da Inglaterra, proporcionou ao seu filho uma infância de relativo conforto, porém exerceu despótica influência nos primeiros estágios de sua educação, financiada até o fim por “bolsas”, auxílio de parentes e aulas particulares. Obrigava seu filho Alfred a estudar hebraico, que ele detestava, e proibia-o terminantemente de praticar suas recreações prediletas, a “Matemática e o xadrez”. William Marshall faleceu aos 92 anos de idade.
“Esse controle e repressão paternal teve um efeito marcante e duradouro sobre Marshall. Sua pronunciada tendência para a hipocondria, sua relutância em comprometer-se inequivocamente em publicar sem reservas e restrições maciçamente documentadas, seu temor à indolência e a ociosidade, sua rejeição fundamental de atividades de “puro prazer” (tal como a Matemática) têm suas raízes nas experiências de sua infância e juventude.” (CORRY, Bernard. “Marshall, Alfred” – International Encyclopedia of the Social Sciences