Avaliação da música neguinho sob um olhar foucaultiano

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Foucault adotou um método de pesquisa que tinha como finalidade responder o porquê do surgimento dos saberes e como estes se produzem e se transformam. É o que ele chama de arqueologia.
Em seu livro A arqueologia do saber Foucault assim define arqueologia:

A arqueologia busca definir não os pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nos discursos, mas os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras. Ela não trata o discurso como documento, como signo de outra coisa (...); ela se dirige ao discurso em seu volume próprio, na qualidade de monumento. Não se trata de uma disciplina interpretativa: não busca um “outro discurso” mais oculto. Recusa-se a ser “alegórica”. (M. Foucault,1995)

O pensamento Foucaultiano aponta para uma noção de que o saber representa algo maior do que a ciência ou uma disciplina científica. Para ele o saber liberta do poder, no sentido de que os novos saberes são instrumentos de libertação humana e que podem ser postos a serviço do aperfeiçoamento do homem. O saber se constitui de linguagem e quanto maior domínio desta, maior representação de poder.
O que Foucault quer mostrar é que não existem sociedades livres de relações de poder. Os indivíduos são o resultado imediato dessas relações, onde há um constante confronto de forças sociais no qual se percebe a existência de dominados e dominantes.
Ao analisar a música Neguinho, composta do Caetano Veloso e interpretada por Gal Costa, é fácil notar a existência desse confronto. A canção é marcada pela comparação feita entre os estratos do poder da sociedade brasileira.
Neguinho traz em sua letra um retrato realístico da crise de valores que carregam estes novos “agentes do consumo”, tão deslumbrados que sequer podem avaliar suas próprias realidades.
Em sua primeira estrofe surge uma crítica à falta de interesse do homem em ser responsável consigo mesmo, pois como diz a

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