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6970 palavras 28 páginas
Nietzsche recuperou dos gregos a oposição entre Apolo e Dioniso: pai das artes plásticas o primeiro, da arte musical o segundo. Estas divindades personificavam dois instintos que, antes de se exprimirem na arte, se manifestavam naturalmente no homem, um no sonho, outro na embriaguez. É o instinto apolíneo, incarnado em Homero, que cria o mundo de sonho e de beleza dos deuses olímpicos. Este mundo não deve, no entanto, levar a acreditar num pretensa serenidade grega. Os gregos tinham, pelo contrário, uma perspectiva profundamente pessimista da existência, revelada pelos poemas pré-homéricos. Só puderam viver colocando diante deles um ecrã de imagens com a existência triunfante dos olímpicos. Esta criação pode ser interpretada de um ponto de vista metafísico. O Ser é o “Un original”, sofrimento e contradição. Ele tenta libertar-se do seu sofrimento pelo êxtase de uma visão, que constitui a “aparência”. A aparência é antes de mais o mundo empírico, mas depois, criando-se uma aparência de uma aparência, o sonho surge para mitigar o sofrimento original. A tragédia grega representa a união de duas forças, a apolínea e a dionisíaca. Na sua origem encontramos o coro dos sátiros, cantando um ditirambo em honra de Dioniso. Mergulhados na embriaguez dionisíaca, os coristas sentiam-se sátiros e diziam os sofrimentos e glórias do deu deus. Ao mesmo tempo, sob o efeito da força apolínea, viam este deus aparecer. Na tragédia clássica, a de Ésquilo e de Sófocles, descobre-se sob o véu da beleza apolínea um fundo de pensamento dionisíaco: os seus heróis são somente máscaras do deus. Mas a tragédia morre quando Eurípides, sob a influência de Sócrates, introduz nela um racionalismo optimista estranho ao seu espírito.
Nietzsche trata em seguida do mito trágico. A música engendra imagens que são exemplos particulares do que exprime em geral. Ela engendrou na Grécia mitos trágicos como imagens simbólicas da sabedoria dionisíaca que exprimia. É esta sabedoria que no ensino o mito:

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