Artigo Teoria Da Hist Ria
Programa de Pós-Graduação em História – PPGHIS
Teoria e Metodologia da História
Profa. Dra. Tereza Cristina Kirschner
O INDIVÍDUO NA HISTORIOGRAFIA DO SÉCULO XIX:
GEORGI PLEKHANOV E A CRÍTICA DO HISTORICISMO
Juliano Medeiros1
Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, mas sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.
Karl Marx
O lugar do indivíduo na história é uma antiga discussão que tem como objetivo explicar a influência que o indivíduo exerce no processo histórico. Para alguns, os indivíduos – especialmente os chamados “grandes homens”, os “gênios”, os “heróis”, os
“rebeldes”, os “inovadores” – possuem um papel determinante na história, enquanto para outros, possuem um papel relevante, importante. Outros, ao contrário, consideram que o indivíduo é mera manifestação de forças impessoais, seja a razão, a cultura, a sociedade, etc. (VIANA, 2013, p. 118). O problema principal que a História enfrentou no seu nascimento como disciplina foi, precisamente, o de como unir as várias realidades individuais numa unidade lógica que dê sentido às conexões entre os fatos.
Essa realidade do passado teria um sentido e por isso a Filosofia da História surgirá tentando explicar – através da própria história e não da “Providência” – esse sentido. Ao ganhar autonomia e legitimidade, a noção de uma história-exemplo, ou história magistra vitae, vai perdendo sentido, na medida em que ganham pesos os exemplos singulares e perdem força os “exemplos universais”.
Por isso uma das características mais constantemente atribuídas à historiografia do século XIX, quando a História adquire a condição de disciplina autônoma, é sua
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Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília.
ênfase na importância da ação individual dos grandes personagens históricos. Essa
“história dos heróis” seria, para Thomas Carlyle, o símbolo de