Análise do poema paisºagem n3 - mário de andrade

1151 palavras 5 páginas
Paisagem nº 3

Mário de Andrade

Chove?
Sorri uma garoa de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo...
A Casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche
Posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar...

Ali em frente... - Mário, põe a máscara!
-Tens razão, minha Loucura, tens razão.
O rei de Tule jogou a taça ao mar...

Os homens passam encharcados...
Os reflexos dos vultos curtos
Mancham o petit-pavé...
As rolas da Normal
Esvoaçam entre os dedos da garoa...
(E si pusesse um verso de Crisfal
No De Profundis?...)
De repente
Um raio de Sol arisco
Risca o chuvisco ao meio.

Livro e poema
O Poema Paisagem nº 3 está contido no livro Paulicéia Desvairada, apresentado na Semana de Arte Moderna. O livro conta, entre outros, com poemas intitulados:

Paisagem N.°1,
Paisagem N.° 2,
Paisagem N.° 3
Paisagem N.° 4.

Paisagem: narrativa e imagem

O título do conjunto desses quatro poemas “Paisagem” nos sugere um cenário, nos remete a uma distinção entre narrativa e descrição de imagem. Mário de Andrade buscou outro olhar para os acontecimentos do dia a dia, vivenciados pelas ruas.
A inspiração para escrever o livro veio do cotidiano da cidade de SP (anos 20)

Chove?
Sorri uma garoa de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo...
A Casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche
Posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar...

As citações

“garoa” (fenômeno meteorológico típico de SP),
“de cinza” (pode se referir a fumaça, o início da industrialização)
“A Casa Kosmos”, “Largo do Arouche”,

Confirmam que a fonte de inspiração que foi escolhida talvez por suas características urbanas, por ser uma cidade em crescimento contínuo e de grande movimentação de pessoas e coisas. Porém o poema não é uma simples descrição da cena

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