Antropologia

1605 palavras 7 páginas
A cidade vista de dentro (e de fora) de uma bola de gude: esportes, jogos e passatempos na metrópole1 Luiz Henrique de Toledo As noções de ordem, classificação e totalidade emanadas do jogo impuseram-se à minha observação logo no segundo dia da Expedição, ainda pela manhã, quando pisava nas ruas do bairro da Vargem Grande, zona Sul, acompanhado de mais duas viajantes e um morador local, que nos levava para visitar uma rádio evangélica. É nesse cenário que introduzo o jogo da bolinha de gude observado num terreno baldio, situação que entretinha tanto alguns adultos quanto crianças, mas que também pôs em movimento reflexivo o próprio antropólogo. Este consistiu no dado etnográfico central, aparentemente ínfimo, porém denso tal qual um aleph borgeano2, que produziu o mote desse texto em que realidade empírica, contexto de pesquisa e escolha teórica estão intrinsecamente vinculados na produção de algum significado sobre a cidade. O conhecimento das regras do jogo, para além dos aspectos meramente normativos, atua, consciente e inconscientemente, como fundamento, princípio e experiência vivida de uma sociabilidade em ato, pensada como reciprocidade, memória e código de acesso às diferenças que se impõem na trama da cidade. A multiplicação e transformação contínua das regras esportivas em passatempos, e vice-versa, desde os institucionalizados aos mais "espontâneos", tal como observamos sobretudo entre as crianças - agentes sociais que mais improvisam e conferem aos objetos grande abstração lúdica - ou mesmo nas conversas informais esparramadas pelos bares populares, revelam parte significativa do ethos urbano, muitas vezes tomado apenas pela ótica da razão prática impressa no domínio da "vida séria". o universo das regras como principio de totalidade: um jogo de gude Mas há, não obstante, uma seriedade inerente aos jogos, esportes ou passatempos, inscrita no âmbito das regras pois, sem as quais, não se multiplicariam e perpetuariam as emoções do jogo. Portanto, não há

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