Analise sonora Laranja Mecânica
Análise de trilha sonora:
Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)
São Paulo
2013
Lançado em 1971, Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) é uma adaptação do cineasta norte-americano Stanley Kubrick do romance escrito por Anthony Burgess. A história gira em torno do jovem Alex, um violento, porém carismático, adolescente líder de uma gangue que se apodera da violência como ponto central de sua diversão. A reflexão demonstrada com o conceito de “ultra-violence” por Kubrick, aponta o dedo na eterna necessidade de uma visão maniqueísta e em como o Estado interfere no livre-arbítrio dos cidadãos.
Analisar a trilha sonora de Laranja Mecânica é tão complexo quanto decifrar como Alex, violento e sádico, consegue o carisma de quem assisti à obra. Tal analise tem por intenção elucidar a relação simbiótica entre imagem e som que Kubrick aplica em suas obras (como acontece também em outros de seus longa-metragens, como 2001: Uma Odisseia no Espaço): o som vai muito além de um acompanhamento da cena, ele é peça fundamental para transmitir a mensagem.
O filme já se inicia fazendo uma adaptação da ponta preta adicionada de áudio (presente no já citado 2001: Uma Odisseia no Espaço) antes de se iniciar de fato o longa. Neste caso, são os créditos que precedem a cena inicial e, durante sua exibição, é possível notar a utilização de elementos orquestrais na construção do clima de angústia e estranheza (técnica muito utilizada no cinema de horror). É o recado de que a música carrega as cenas de significados.
A trilha que literalmente introduz a cena inicial é do compositor norte-americano Walter Carlos (posteriormente Wendy Carlos) que recebeu o nome de “The Title Music Of Clockwork Orange (The Funeral of Queen Mary)” e mescla elementos orquestrais com nuances sintéticas, criando uma atmosfera de suspense. Logo na sequencia, um zoom out1 é dado a partir do olhar do