Amor Não é Barganha – Sobre Paixões Inventadas, Expectativas e Decepções

897 palavras 4 páginas
Outro dia, em uma festa, uma cena me chamou a atenção: ela, a menina apaixonada, esperava firmemente que o cara de seu afeto lhe desse o mínimo que fosse de atenção; ele, descompromissado, estava mais preocupado em beber todas do que em desempenhar o papel de acompanhante. Mendigando reciprocidade de alguém que simplesmente não estava dando a mínima, ela deixou de curtir a festa como deveria, enquanto ele foi embora muito bem acompanhado. Aquilo me sensibilizou de tal forma que fiquei com um nó na garganta. Talvez porque eu tenha visto ali um papel que eu mesma já protagonizei diversas vezes. Uma novela mexicana em torno de um romance que, na maioria das vezes, só existe dentro da nossa cabeça.

A melodia diz sabiamente que o mundo está ao contrário e ninguém reparou. Quando se fala de relacionamentos, essa premissa deixa de ser apenas uma afirmativa para se tornar quase uma regra. Entre tantas coisas de pernas para o ar, o amor deixou de ser um sentimento que simplesmente acontece para se tornar um souvenir que se escolhe e se compra em qualquer padaria de esquina com as moedas mais sem valor do mercado. Ainda digo mais: amar se tornou um verbo de temporalidade. Hoje em dia se decide quando, onde e com quem a mágica vai vigorar. O vilão nos bastidores dessa história? Um mal que afeta uma boa parte dos corações solitários, e até daqueles não tão sozinhos assim: a carência.

Carência é um anseio da alma que bate assim, de leve e sorrateiro como aquele sono preguiçoso depois do almoço. Quando se assusta, já explodiu em angústia. Aquela apertadinha doída no coração que chega até a suspender o ar por alguns segundos. É a lembrança muitas vezes amarga de que falta alguém ali, do ladinho esquerdo da cama, no banco do passageiro, no assento do restaurante, na vida. Tanta nostalgia, aliada ao casamento de todas as suas amigas de infância, aos recém enamorados da turma e à chuva que bate na janela com o café quentinho esquentando a ponta dos dedos no finzinho do

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